sábado, 11 de junho de 2011

Memória FC: o dia em que o Mengão virou time pequeno

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Ganhar Fla-Flu é normal... #NOT!!

Tão genial quanto provocador, Renato Gaúcho nem sempre se deu bem com declarações polêmicas - recebidas com entusiasmo pela mídia sensacionalista e com ódio por torcedores não-sensatos (se é que existe torcedor sensato, como sagazmente questiona a turma do Blablagol).

Entre as milhares de caneladas verbais disparadas pelo raçudo ponta gaúcho, uma das mais sensacionais ocorreu no tumultuado Campeonato Carioca de 1990. Com o Flamengo fazendo boa campanha no segundo turno daquele estadual,às vésperas de um Fla-Flu, Renato Gaúcho manda um petardo mezzo verdadeiro mezzo provocador em direção à Laranjeiras:

"É um timinho, não tem jogadores para ameaçar uma vitória. É um estilo que adota há vários anos e a culpa é toda da diretoria, que nunca contrata bons jogadores. Vão ver o que é bom pra tosse. Agora, se eles acham que isso é menosprezo, que provem em campo"

Diante da repercussão negativa, Portaluppi dá uma pipocada - coisa rara em sua trajetória futebolística - e tenta amenizar as coisas, afirmando que o Fluminense era um time médio. É claro que a água para apagar o incêndio só serviu para levantar a fervura do clássico disputado em 8 de abril de 1990.

Quem pagou pela língua ferina de Renato foi o Maestro Júnior - que, mal escalado na zaga por Valdir Espinosa, falhou no gol que decidiria o dérbi em favor do Tricolor.  O placar de vitória mínima não dá o tom do que foi a partida, com um Flu pilhado ganhando todas na defesa, perdendo chances atrás de chances no ataque (capitaneado por Sérgio Araújo - quem?) e com torcedores saindo em êxtase aos gritos de "Eô, eô, o timinho é um terror"

Com o triunfo, o time das Laranjeiras assumiu a ponta da Taça Rio, de forma isolada, a dois pontos do Fla. E não bastasse o humilhante chapéu que tomou do limitado lateral Luciano durante o jogo, Renato ainda tomou uma vaca verbal do elegante zagueiro Alexandre Torres (sim, o filho do Capita).

"Segundo o Renato, o Fluminense não é time pequeno, é time médio. Só tem dois times grandes nesse campeonato, o Vasco e o Botafogo, que estão na nossa frente. Quem está atrás é time pequeno"

O Botafogo acabou levando o bi, enquanto o Fla terminou em quarto... logo atrás do Fluminense.  

* Post baseado no livro "Anjo ou Demônio: a Polêmica Trajetória de Renato Gaúcho", de Marcos Eduardo Neves.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Memória FC: Cinco mortes que abalaram o futebol brasileiro

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#5 Figueiredo

Em seu último jogo, Figueiredo usou a camisa 10, de Zico

Quase uma anônimo em meio a feras do calibre de Zico, Júnior, Leandro, Andrade, Mozer, Tita e Adílio, Cláudio Figueiredo Diz - ou simplesmente Figueiredo - era peça importante naquele elenco rubro-negro. Se jamais fora titular absoluto da zaga do Fla, Figueiredo sempre cumpriu com dignidade o papel de substituir à altura seus companheiros de zaga, tendo boa participação nos primeiros dois jogos da final da Libertadores de 1981. O destino encerrou sua carreira prematuramente, aos 23 anos, num acidente de avião (que também vitimou o irmão e procurador de Bebeto), em 20 de dezembro de 1984. A morte do beque rubro-negro envolve certa mística: em seu último jogo pelo Fla, em 1° de dezembro daquele ano, acabou vestindo a camisa 10 eternizada por Zico, um número improvável para um zagueiro e talvez uma singela homenagem dos Deuses do Futebol.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Memória FC: o incêndio de Valley Parade

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Brasil para Inglaterra: "Eu sou você ontem"

A organização exemplar em torno dos jogos de futebol na Inglaterra tem origem no caos que emergiu em campos europeus no início dos anos 1980, com a ascensão do hooliganismo, que há pelo menos duas décadas já fazia barulho nos porões da Ilha. O estado de desorganização e pouco caso com o torcedor durante os dias de jogos mostrou o seu lado mais cruel em 11 de maio de 1985, no Estádio de Valley Parade.

Num raro sábado sem chuva inglês, 11.076 torcedores se reuniram para acompanhar a partida entre Bradford City e Lincoln City, que marcava a festa da conquista da então terceira divisão inglesa pelo Bradford (e sua promoção à segunda divisão). O jogo seguia empatado sem gols até os 40 minutos do primeiro tempo, quando os primeiros sinais de incêndio começaram a chamar a atenção do público. Percebendo a gravidade da situação, o árbitro Dom Shaw paralisou a partida poucos minutos antes do intervalo para que os policiais pudessem evacuar a arquibancada principal, que já ardia em chamas.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Memória FC: o gol mais triste da história

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 Denis Law, entre George Best e Bobby Charlton: herói e vilão do Manchester United
(Foto: AtilaTheHun)


 Atacantes como Edmundo e, recentemente, Fred já se viram diante da complicada situação de marcar contra seu time de coração. Em meio às discussões de comemorar ou não o gol, da suposta falta de respeito com o clube que paga o salário ou mesmo de uma questionável espontaneidade na atitude, o sentimento de identificação e amor com  as cores de uma agremiação - tão cobrado pelos críticos do futebol mercantilizado de hoje - acaba ficando para trás.

Não há, por exemplo, como discutir as genuínas lágrimas do argentino Gabriel Batistuta ao balançar as redes da Fiorentina (equipe que aprendeu a amar, inclusive recusando propostas de grandes clubes para defender a Viola na segunda divisão do calcio). Nada no entanto se compara ao que o destino reservou ao avante escocês Denis Law: selar o rebaixamento de seu time de coração. 

Na temporada de 1973/ 1974, depois de quase ter caído dois anos antes e de perder jogadores do quilate de Bobby Charlton, George Best e do próprio Denis Law, o Manchester United mais uma vez se viu às voltas com o fantasma do descenso. Quiseram os deuses do futebol que o jogo decisivo para as pretensões dos Reds na primeira divisão inglesa fosse o derby contra o Manchester City.

Em clara decadência técnica e sofrendo com velhos problemas nos joelhos, Law foi contratado pelo City após o fim de seu vitorioso ciclo de nove anos no Manchester United. O jogador optou pelo arquirrival (clube que defendeu anteriormente, inclusive) porque sua família já estava adaptada à cidade de Manchester. A temporada irregular vestindo a camisa azul foi coroada num dos últimos jogos do campeonato, justamente no clássico local.



Denis Law decretou o rebaixamento do United ao marcar um belo gol, aos 36 minutos da etapa complementar, em plena Old Trafford. O artilheiro se recusou a comemorar o golaço e visivelmente abalado emocionalmente foi substituído.  Como última cartada, os torcedores dos Reds ainda invadiram o gramado na vã tentativa de anular o jogo. Mas o resultado foi mantido e o Mancheter United - que seis anos anos antes conquistara a glória máxima ao ser campeão europeu - rebaixado.

O atacante escocês, que pendurou as chuteiras após o fatídico jogo, certa vez declarou sobre o feito: "Raramente fiquei tão abatido em minha vida como naquele fim-de-semana. Depois de 19 anos dando tudo de mim para marcar gols, eu finalmente marquei um que quase desejei não ter feito".

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Desafio do Dia das Crianças - jogadores de ontem e de hoje

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"Todo menino é um rei; Eu também já fui rei; Mas quá... despertei". O belo samba de Roberto Ribeiro - um dos muitos artistas esquecidos depois da década de 1970 - de alguma forma traduz o sentimento de fãs de futebol ao redor do planeta. Afinal, que garoto nunca sonhou em ser como Pelé, ou ao menos fazer um gol como Pelé (e sem pedir licença poética a Carlos Drummond de Andrade)?